terça-feira, 7 de outubro de 2008

FÁBRICA DA SUZANO CELULOSE NO PIAUÍ

FÁBRICA DA SUZANO CELULOSE NO PIAUÍ

ESTOU REPASSANDO O Documento informativo DO SR: RICARDO CARRERE Dez respostas a dez mentiras PUBLICADO PELO Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, COM O INTUITO DE ALERTAR AO MAIOR NUMERO POSSÍVEL DE PESSOAS A RESPEITO DO QUE PODERÁ ACONTECER NO FUTURO PRÓXIMO.

CONFORME MATÉRIA ABAIXO:

A fábrica da Suzano, a ser instalada no Piauí não vai produzir papel, mas somente a celulose com destino para o mercado externo. A perspectiva é que sejam produzidos 1,3 mil toneladas de celulose por ano na fábrica do Piauí. Todo este material será exportado...

Dez respostas a dez mentiras
Ricardo Carrere

Plan­tar ár­vo­res po­de ser uma coi­sa mui­to boa, mas tam­bém po­de ser mui­to ruim. De­pen­dedo ob­je­ti­vo, da es­ca­la, do lu­gar de ins­ta­la­ção e dos be­ne­fí­cios ou pre­juí­zos que is­so traz às co­mu­ni­da­des lo­cais.

As plan­ta­ções em gran­de es­ca­la de es­pé­cies de rá­pi­do cres­ci­men­to, co­mo eu­ca­lip­tos e pin­hei­ros, são as que pro­du­zem maio­res im­pac­tos ne­ga­ti­vos, tan­to a ní­vel so­cial quan­to am­bien­tal. De­vi­do a tais im­pac­tos, es­se ti­po de plan­ta­ção tem da­do lu­gar a lu­tas ge­ne­ra­li­zadas em con­tra. A res­pos­ta das em­pre­sas plan­ta­do­ras e dos pro­mo­to­res que im­pul­sam es­se mo­de­lo con­sis­te em ne­gar a oco­rrên­cia des­ses im­pac­tos e em ela­bo­rar e di­vul­gar uma en­ga­no­sa pro­pa­gan­da des­ti­na­da a ob­ter o apoio dos se­to­res de­sin­for­ma­dos da po­pu­la­ção. En­tre as mui­tas fal­si­da­des es­pal­ha­das, fa­vo­rá­veis às mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais em gran­de es­ca­la, en­con­tram-se as se­guin­tes 10:

Men­ti­ra 1:
As plan­ta­ções flo­res­tais são “flo­res­tas plan­ta­das”

Tan­to os téc­ni­cos quan­to as em­pre­sas in­sis­tem em cha­mar as plan­ta­ções de “flo­res­tas plan­ta­das”. Es­sa con­fu­são en­tre um cul­ti­vo (de ár­vo­res) e uma flo­res­ta é o pon­to de par­ti­da da pro­pa­gan­da a fa­vor das plan­ta­ções. Num mun­do cons­cien­te do gra­ve pro­ble­ma do des­ma­ta­men­to, a ati­vi­da­de de “plan­tar flo­res­tas” é per­ce­bi­da, ge­ral­men­te, co­mo uma coi­sa po­si­ti­va. Não obs­tan­te, uma plan­ta­ção não é uma flo­res­ta, e o úni­co que elas têm em co­mum é que, nas duas, pre­do­mi­nam as ár­vo­res. Aí aca­ba a se­mel­han­ça.
Uma flo­res­ta tem:
•nu­me­ro­sas es­pé­cies de ár­vo­res e ar­bus­tos de to­das as ida­des
•uma gran­de quan­ti­da­de de ou­tras es­pé­cies ve­ge­tais, tan­to no so­lo quan­to so­bre as pró­prias ár­vo­res e ar­bus­tos (tre­pa­dei­ras, epí­fi­tas, pa­ra­si­tas, etc.)
•uma enor­me va­rie­da­de de es­pé­cies de fau­na que aí en­con­tram abri­go, ali­men­tos e pos­si­bi­li­da­des de re­pro­du­ção

Es­sa di­ver­si­da­de de flo­ra e de fau­na in­te­ra­ge com ou­tros ele­men­tos, co­mo os nu­trien­tes do so­lo, a água, a ener­gia so­lar e o cli­ma, de mo­do a as­se­gu­rar a sua au­to-re­ge­ne­ra­ção e a con­ser­va­ção de to­dos os ele­men­tos que a com­põem (flo­ra, fau­na, água, so­lo).

As co­mu­ni­da­des hu­ma­nas tam­bém fa­zem par­te das flo­res­tas, pois mui­tos po­vos as ha­bi­tam, in­te­ra­gem com elas e ali ob­têm um con­jun­to de bens e ser­vi­ços que ga­ran­tem a sua so­bre­vi­vên­cia.

Di­ver­sa­men­te da flo­res­ta, uma plan­ta­ção co­mer­cial em gran­de es­ca­la es­tá cons­ti­tuí­da por:

•uma ou pou­cas es­pé­cies de ár­vo­res de rá­pi­do cres­ci­men­to, plan­ta­das em blo­cos ho­mo­gê­neos da mes­ma ida­de
•pou­quís­si­mas es­pé­cies de flo­ra e fau­na que con­se­guem se ins­ta­lar nas plan­ta­ções

As plantações comerciais requerem preparação do solo, seleção de plantas de rápido crescimiento e com as carácter´siticas tecnológicas requeridas pela indústria, fertiliza.ão, eliminação da “mata brava” com herbicidas, plantio com espaçamento regular, colheita en intervalos curtos de tempo.

Por ou­tro la­do, as co­mu­ni­da­des hu­ma­nas não só não ha­bi­tam as plan­ta­ções co­mer­ciais, mas tam­bém, ge­ral­men­te, se­quer lhes é per­mi­ti­do o aces­so, pois elas são con­si­de­ra­das um pe­ri­go pa­ra as mes­mas. No mel­hor dos ca­sos, elas são per­ce­bi­das co­mo for­ne­ce­do­ras de mão-de-obra ba­ra­ta, pa­ra o plan­tio das ár­vo­res e a col­hei­ta que se­rá rea­li­za­da anos de­pois.

Co­mo, além dis­so, o ob­je­ti­vo é pro­du­zir e col­her gran­des vo­lu­mes de ma­dei­ra no me­nor tem­po pos­sí­vel, po­de-se di­zer que ela tem as mes­mas ca­rac­te­rís­ti­cas que qual­quer ou­tro cul­ti­vo agrí­co­la. Por­tan­to, não se tra­ta du­ma “flo­res­ta”, mas, sim, dum cul­ti­vo, co­mo é fre­qüen­te­men­te ad­mi­ti­do pe­las pró­prias em­pre­sas plan­ta­do­ras ao se­rem per­gun­ta­das a es­se res­pei­to.

Em sín­te­se, uma plan­ta­ção não é uma “flo­res­ta plan­ta­da”, pois, além do que já foi di­to, é evi­den­te que não é pos­sí­vel plan­tar nem a di­ver­si­da­de de flo­ra e fau­na que ca­rac­te­ri­za uma flo­res­ta, nem o con­jun­to de in­te­ra­ções com os ele­men­tos vi­vos e inor­gâ­ni­cos que acon­te­cem nu­ma flo­res­ta.

Men­ti­ra 2:
As plan­ta­ções flo­res­tais mel­ho­ram o meio am­bien­te

Apre­sen­ta­das co­mo “flo­res­tas plan­ta­das”, ar­gu­men­ta-se que as plan­ta­ções ser­vem pa­ra pro­te­ger e mel­ho­rar os so­los, re­gu­lar o ci­clo hi­dro­ló­gi­co e con­ser­var a flo­ra e a fau­na lo­cais. Tudo isso é verdadeiro no caso das florestas, mas não no das plantações. Com efeito, as plantações em grande escala não só não melhoram o meio ambiente, mas também provocam impactos negativos:

1) Nos so­los. Es­se ti­po de plan­tio ten­de a de­gra­dar os so­los, pe­la con­jun­ção du­ma sé­rie de fa­to­res:

•ero­são, es­pe­cial­men­te, por­que o so­lo fi­ca des­co­ber­to tan­to nos dois pri­mei­ros anos pos­te­rio­res ao plan­tio, quan­to nos 2 anos pos­te­rio­res à col­hei­ta, o que fa­ci­li­ta a ação ero­si­va da água e do ven­to
•per­da de nu­trien­tes, tan­to pe­la ero­são, quan­to pe­los ele­va­dos vo-­lu­mes de ma­dei­ra ex­traí­dos do lu­gar ca­da pou­cos anos
•de­se­qui­lí­brios na re­ci­cla­gem de nu­trien­tes. Em se tra­tan­do de es-­pé­cies exó­ti­cas, os or­ga­nis­mos de­com­po­nen­tes lo­cais en­con­tram gran­des di­fi­cul­da­des pa­ra de­com­por a ma­té­ria or­gâ­ni­ca que cai das ár­vo­res (fol­has, gal­hos, fru­tos), fa­zen­do com que os nu­trien­tes que caem no chão de­mo­rem mui­to em po­der vol­tar a ser reu­ti­li­za­dos pe­las ár­vo­res. Tan­to no ca­so dos pin­hei­ros quan­to dos eu­ca­lip­tos, é co­mum ob­ser­var co­mo se acu­mu­la, sem se de­com­por, a fol­ha­gem so­bre o so­lo
•com­pac­ta­ção, pe­lo uso de ma­qui­na­ria pe­sa­da, o que di­fi­cul­ta a pe­ne­tra­ção da água de chu­va e fa­ci­li­ta a ero­são
•di­fí­cil re­con­ver­são. Do con­jun­to des­ses e de ou­tros im­pac­tos, se­gue-se que, em mui­tos ca­sos, se­rá mui­to di­fí­cil po­der vol­tar a uti­li­zar es­ses so­los pa­ra a agri­cul­tu­ra.

2) Na água. Es­se ele­men­to vi­tal é afe­ta­do tan­to em quan­ti­da­de quan­to em qua­li­da­de:

•quan­to à ba­cia, de­pois da ins­ta­la­ção des­sas plan­ta­ções, o vo­lu­me de água dis­po­ní­vel ten­de a di­mi­nuir. Em rea­li­da­des tão di­fe­ren­tes quan­to o sul do Chi­le, o es­ta­do do Es­pí­ri­to San­to, no Bra­sil, a Áfri­ca do Sul e a Tai­lân­dia, cons­ta­ta-se que o re­gi­me hí­dri­co so­fre mu­dan­ças ne­ga­ti­vas im­por­tan­tes, re­sul­tan­tes do plan­tio de pin­hei­ros e eu­ca­lip­tos de rá­pi­do cres­ci­men­to em gran­des áreas. Is­so é pro­du­to de vá­rios fa­to­res, mas o prin­ci­pal é o ele­va­do con­su­mo de água des­sas es­pé­cies. Pa­ra cres­cer, os ve­ge­tais le­vam os nu­trien­tes do so­lo até as fol­has, on­de acon­te­ce a fo­tos­sín­te­se. O meio pa­ra le­var os nu­trien­tes até a fol­ha é a água. Pa­ra cres­cer mais, são ne­ces­sá­rios mais nu­trien­tes, o que sig­ni­fi­ca maior uso de água pa­ra trans­por­tá-los até as fol­has. Em se tra­tan­do de ex­ten­sas plan­ta­ções, cres­cen­do a um rit­mo mui­to ace­le­ra­do, os im­pac­tos na água tor­nam-se sem­pre mais gra­ves, che­gan­do, até, à de­sa­pa­ri­ção de ma­nan­ciais e cur­sos de água.
•pa­ra con­fun­dir, os pro­mo­to­res das plan­ta­ções ar­gu­men­tam que al­gu­mas es­pé­cies de ár­vo­res (em es­pe­cial, os eu­ca­lip­tos) pro­du­zem mais bio­mas­sa por uni­da­de de água em­pre­ga­da, e que, por­tan­to, são mais “efi­cien­tes” do que as ár­vo­res na­ti­vas. Con­tu­do, eles não le­vam em con­ta que as plan­ta­ções de eu­ca­lip­tos são, vi­si­vel­men­te, “ine­fi­cien­tes” na pro­du­ção de ali­men­tos, fo­rra­gem, re­mé­dios, fi­bras ve­ge­tais, fru­tos, fun­gos e ou­tros pro­du­tos que a po­pu­la­ção lo­cal ob­tém nas flo­res­tas. Além dis­so, é irre­le­van­te es­ta­be­le­cer a efi­ciên­cia du­ma plan­ta­ção de eu­ca­lip­tos pa­ra pro­du­zir ma­dei­ra com uma de­ter­mi­na­da quan­ti­da­de de água se, de qual­quer for­ma, ela em­pre­ga mais água da­que­la que a área po­de pro­du­zir.
•as es­pé­cies mor­men­te em­pre­ga­das nas plan­ta­ções (eu­ca­lip­tos e pin­hei­-ros) di­fi­cul­tam a in­fil­tra­ção da água no so­lo, o que, so­ma­do ao enor­me con­su­mo de água, agra­va os im­pac­tos a ní­vel de ba­cia.
•a qua­li­da­de da água vê-se, tam­bém, afe­ta­da, tan­to pe­la ero­são quan­to pe­lo uso ge­ne­ra­li­za­do de agro­quí­mi­cos, que a con­ta­mi­nam.

3) Na flo­ra. Os im­pac­tos na flo­ra lo­cal são múl­ti­plos e gra­ves, de­vi­do à gran­de es­ca­la des­sas plan­ta­ções, que atin­gem uma enor­me quan­ti­da­de de há­bi­tats:

•em mui­tos ca­sos, as plan­ta­ções cons­ti­tuem um fa­tor de des­ma­ta­men­to, pois a sua ins­ta­la­ção é pre­ce­di­da pe­lo cor­te ou quei­ma da flo­res­ta pree­xis­ten­te, co­mo acon­te­ce fre­qüen­te­men­te em re­giões tro­pi­cais e, em es­pe­cial, na In­do­né­sia. Nes­ses ca­sos, o im­pac­to é enor­me
•na zo­na tem­pe­ra­da, a flo­ra do ecos­sis­te­ma de pra­da­ria di­mi­nui em abun-­dân­cia e ri­que­za, quan­do, so­bre ela, são ins­ta­la­das plan­ta­ções
•na área ocu­pa­da pe­la plan­ta­ção, gran­de par­te da flo­ra lo­cal é ex­ter­mina­da, pa­ra evi­tar que com­pi­ta com as ár­vo­res plan­ta­das, e so­men­te al­gu­mas pou­cas es­pé­cies con­se­guem se ins­ta­lar no âma­go das plan­ta­ções. Mas, até es­sas pou­cas es­pé­cies, são eli­mi­na­das ca­da pou­cos anos, quan­do a plan­ta­ção é cor­ta­da e re­plan­ta­da, re­co­rren­do, mais uma vez, à apli­ca­ção de her­bi­ci­das pa­ra eli­mi­nar a con­co­rrên­cia
•en­tre a flo­ra que de­sa­pa­re­ce no âma­go da plan­ta­ção, é im­por­tan­te desta­car, mui­to es­pe­cial­men­te, a flo­ra do so­lo, que cum­pre uma fun­ção es­sen­cial na con­ser­va­ção da fer­ti­li­da­de do so­lo a lon­go pra­zo
•o im­pac­to na água, aci­ma men­cio­na­do, tam­bém atin­ge a flo­ra local, mes­mo ela se en­con­tran­do a mui­ta dis­tân­cia do lo­cal da plan­ta­ção

4) Na fau­na. Os im­pac­tos na fau­na

•pa­ra a maio­ria das es­pé­cies da fau­na lo­cal, as plan­ta­ções são de­ser­tos ali­men­ta­res, mo­ti­vo pe­lo qual elas ten­dem a de­sa­pa­re­cer. As ra­ras es­pé­cies que con­se­guem se adap­tar são ex­ter­mi­na­das (por se­rem con­si­de­ra­das “uma pra­ga” pa­ra a plan­ta­ção), ou, en­tão, as­sis­tem à de­sa­pa­ri­ção de seu no­vo há­bi­tat, to­da vez que a plan­ta­ção é cor­ta­da pa­ra a ven­da da ma­dei­ra.
•quan­do a plan­ta­ção é pre­ce­di­da pe­lo des­ma­ta­men­to, o im­pac­to na fauna lo­cal é má­xi­mo
•as­sim co­mo no ca­so da flo­ra, tan­to o des­ma­ta­men­to pré­vio ao plan­tio quan­to as mu­dan­ças na água e no so­lo afe­tam ne­ga­ti­va­men­te um am­plo es­pec­tro de es­pé­cies da fau­na
•os de­se­qui­lí­brios bio­ló­gi­cos pro­vo­ca­dos por es­sas plan­ta­ções dão lu­gar, fre­qüen­te­men­te, ao sur­gi­men­to de pra­gas que afe­tam as pro­du­ções agro­pe­cuá­rias vi­zin­has.

Men­ti­ra 3:
As plan­ta­ções ser­vem pa­ra ali­viar a pres­são so­bre as flo­res­tas

O ar­gu­men­to é que, pe­lo fa­to de exis­tir mais ma­dei­ra dis­po­ní­vel a par­tir das plan­ta­ções, ha­ve­ria uma me­nor ex­tra­ção de ma­dei­ra nas flo­res­tas na­ti­vas. Em­bo­ra is­so pos­sa pa­re­cer ló­gi­co, na rea­li­da­de cons­ta­tou-se que as plan­ta­ções são, em ge­ral, mais um fa­tor de des­ma­ta­men­to, pois:

•em mui­tos paí­ses, as plan­ta­ções são ins­ta­la­das, eli­mi­nan­do pre­via­men­te a flo­res­ta exis­ten­te. Nal­guns ca­sos, es­sa eli­mi­na­ção é efe­tua­da por meio de gi­gan­tes­cas quei­mas pro­vo­ca­das, en­quan­to, nou­tros, o cor­te da flo­res­ta e a ven­da da ma­dei­ra ser­vem pa­ra fi­nan­ciar a plan­ta­ção. Dá-se o ca­so, tam­bém, da plan­ta­ção jus­ti­fi­car o des­ma­ta­men­to, pois ar­gu­men­ta-se que o cor­te de gran­des áreas não cons­ti­tui des­ma­ta­men­to, se se­gui­do do plan­tio de ár­vo­res. Nal­guns ca­sos, o sim­ples anún­cio do in­te­res­se das em­pre­sas plan­ta­do­ras, por in­ves­tir nu­ma de­ter­mi­na­da re­gião, pro­vo­ca um mo­vi­men­to es­pe­cu­la­ti­vo, que con­sis­te em ad­qui­rir e de­gra­dar ra­pi­da­men­te áreas de flo­res­ta, pa­ra pos­si­bi­li­tar que as mes­mas pos­sam, de­pois, ser des­ti­na­das ao plan­tio de ár­vo­res por es­sas mes­mas em­pre­sas.
•em nu­me­ro­sos ca­sos, o pro­ces­so aci­ma men­cio­na­do de­ter­mi­na a mi­gra­ção (vo­lun­tá­ria ou for­ça­da) dos mo­ra­do­res da re­gião, os quais são obri­ga­dos a in­gres­sar nou­tras re­giões flo­res­tais, on­de ini­ciam um pro­ces­so de des­ma­ta­men­to, pa­ra po­der sa­tis­fa­zer as suas ne­ces­si­da­des bá­si­cas. Is­to é, nes­ses ca­sos, o des­ma­ta­men­to pro­vo­ca­do pe­la plan­ta­ção é du­plo.
.a ma­dei­ra pro­du­zi­da nas plan­ta­ções não subs­ti­tui, de for­ma al­gu­ma, as va­lio­sas es­pé­cies da flo­res­ta tro­pi­cal, pois as duas têm mer­ca­dos di­fe­ren­tes. En­quan­to a maior par­te da ma­dei­ra da plan­ta­ção des­ti­na-se à pro­du­ção de pa­pel e pro­du­tos de ma­dei­ra de bai­xa qua­li­da­de, a maior par­te da ma­dei­ra ex­traí­da das flo­res­tas (es­pe­cial­men­te, tro­pi­cais) é trans­for­ma­da em pro­du­tos de al­ta qua­li­da­de.
•além dis­so, es­se ar­gu­men­to ig­no­ra o fa­to do con­su­mo de ma­dei­ra não cons­ti­tuir a úni­ca cau­sa de des­ma­ta­men­to. Nu­me­ro­sas áreas de flo­res­ta são fre­qüen­te­men­te eli­mi­na­das, pa­ra des­ti­nar o so­lo a cul­ti­vos de ex­por­ta­ção ou à pe­cuá­ria ex­ten­si­va; ou­tras de­sa­pa­re­cem sob gi­gan­tes­cas re­pre­sas hi­droe­lé­tri­cas; os man­gues são eli­mi­na­dos, pa­ra des­ti­nar a área à pro­du­ção in­dus­trial de ca­ma­rão; a ex­plo­ra­ção pe­tro­lei­ra e mi­nei­ra des­trói gran­des re­giões flo­res­tais, etc. Nen­hum des­ses pro­ces­sos des­tru­ti­vos diz res­pei­to à maior ou me­nor área des­ti­na­da a mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais, mo­ti­vo pe­lo qual é evi­den­te­men­te fal­so que, nes­se ca­so, pos­sam “ali­viar a pres­são” so­bre as flo­res­tas.

De­ci­di­da­men­te, ape­sar do cres­cen­te au­ge das plan­ta­ções flo­res­tais, a área flo­res­tal do pla­ne­ta con­ti­nua di­mi­nuin­do, o que de­mons­tra que o pre­ten­so alí­vio da pres­são so­bre as flo­res­tas não é se­não um exer­cí­cio de pro­pa­gan­da in­te­res­sei­ra.

Men­ti­ra 4:
As plan­ta­ções per­mi­tem apro­vei­tar e mel­ho­rar te­rras de­gra­da­das

Es­se ar­gu­men­to, pro­mo­vi­do pe­las gran­des em­pre­sas plan­ta­do­ras, é, no seu ca­so, ab­so­lu­ta­men­te fal­so, pois as plan­ta­ções co­mer­ciais em gran­de es­ca­la di­fi­cil­men­te são ins­ta­la­das em te­rras de­gra­da­das. O mo­ti­vo é mui­to sim­ples: nes­se ti­po de so­los, as ár­vo­res não cres­cem bem, mo­ti­vo pe­lo qual plan­tar aí não é ren­tá­vel.

Mas ain­da é ne­ces­sá­rio es­cla­re­cer al­guns as­pec­tos, pois es­sa ques­tão to­da ten­de a ser mui­to con­fu­sa. Com efei­to, de­ve-se es­cla­re­cer o que se en­ten­de por “te­rras de­gra­da­das”, e igual­men­te res­sal­tar que al­guns ti­pos de plan­ta­ções não co­mer­ciais rea­li­zam-se, efe­ti­va­men­te, em te­rras de­gra­da­das, e con­se­guem mel­ho­ra-las.

Para o comun das pessoas, a expressão “terra degradada” sugere uma visão típicamente lunar, com solos gravemente erodidos e escassa ou nula vegetação. Nesse casos, qualquer atividade que vise a recuperação desses solos, seja através do plantio de árvores, ou por outros meios, pode ser considerada essencialmente positiva. Contudo, a expressão “terra degradada” pode designar, simplesmente, uma região de floresta que foi cortada, ou uma região agrícola de subsistência, que conservam o seu potencial produtivo. Costuma-se falar, também, de “terras subutilizadas”, como sinônimo de degradadas. Em síntese, as empresas plantadoras são as que determinam se a terra está degradada ou subutilizada, e, desse modo justificam as suas plantações perante a opinião pública. Não obstante, os moradores locais, geralmente,não concordam nem com o fato da terra estar degradada ou subutilizada, nem, menos ainda, com o fato dela ter que ser plantada com eucaliptos, pinheiros ou outras espécies comerciais. Em miutos casos, isso é o que motiva a resistência dos moradores locais à avalanche plantadora, que tenta se apropriar de terras que são produtivas, e não “degradadas” nem “subutilizadas”.

Em se­gun­do lu­gar, não po­de ser acei­ta a pre­sun­ção da plan­ta­ção co­mer­cial em gran­de es­ca­la de eu­ca­lip­tos ou pin­hei­ros ter a mes­ma ca­pa­ci­da­de de rea­bi­li­ta­ção de te­rras de­gra­da­das da­que­la que têm as plan­ta­ções em me­nor es­ca­la de es­pé­cies fo­rra­gei­ras, ali­men­ta­res, pro­du­to­ras de len­ha pa­ra o abas­te­ci­men­to da po­pu­la­ção lo­cal, ou fi­xa­do­ras de ni­tro­gê­nio.

Men­ti­ra 5:
As plan­ta­ções ser­vem pa­ra con­ter o efei­to es­tu­fa

Es­se é um dos ar­gu­men­tos re­cen­te­men­te em vo­ga. Afir­ma-se que, ao cres­ce­rem, as ár­vo­res vão to­man­do car­bo­no em quan­ti­da­des su­pe­rio­res às emi­ti­das, de mo­do que apre­sen­tam um sal­do ne­to po­si­ti­vo em re­la­ção à quan­ti­da­de de bió­xi­do de car­bo­no (o prin­ci­pal gás de efei­to es­tu­fa) na at­mos­fe­ra. Con­tu­do, as plan­ta­ções flo­res­tais ain­da de­vem de­mons­trar que são su­mi­dou­ros de car­bo­no.

Em ter­mos ge­rais, qual­quer área co­ber­ta de plan­ta­ções, na au­sên­cia de pro­vas con­trá­rias, de­ve­ria ser con­si­de­ra­da uma fon­te ne­ta de car­bo­no, e não um su­mi­dou­ro. Em pri­mei­ro lu­gar, por­que, em mui­tos ca­sos, es­sas plan­ta­ções subs­ti­tuem as flo­res­tas, o que de­ter­mi­na que o vo­lu­me de car­bo­no li­be­ra­do pe­lo des­ma­ta­men­to se­ja su­pe­rior àque­le que a plan­ta­ção em cres­ci­men­to po­de cap­tu­rar, in­clu­si­ve a lon­go pra­zo. Mes­mo quan­do não há des­ma­ta­men­to, elas são ins­ta­la­das nou­tros ecos­sis­te­mas que tam­bém ar­ma­ze­nam car­bo­no (co­mo as pra­da­rias), o qual é li­be­ra­do na at­mos­fe­ra co­mo con­se­qüên­cia da plan­ta­ção. Além dis­so, exis­te uma se­gun­da ques­tão cru­cial: es­sas plan­ta­ções se­rão col­hi­das, ou não? Em ca­so de acon­te­cer a pri­mei­ra hi­pó­te­se, elas se­riam, no mel­hor dos ca­sos, tão só su­mi­dou­ros tem­po­rá­rios: o car­bo­no é ar­ma­ze­na­do até a col­hei­ta, pa­ra, de­pois, ser li­be­ra­do em pou­cos anos (nal­guns ca­sos, in­clu­si­ve, em me­ses), quan­do o pa­pel ou ou­tros pro­du­tos de­ri­va­dos das plan­ta­ções são des­truí­dos. No ca­so das ár­vo­res não se­rem col­hi­das, as plan­ta­ções es­ta­riam ocu­pan­do mil­hões e mil­hões de hec­ta­res, que po­de­riam ser usa­dos pa­ra fins bem mais pro­vei­to­sos, co­mo a pro­du­ção de ali­men­tos.

Is­to é, exis­tem mui­tas in­cer­te­zas acer­ca da su­po­si­ção das plan­ta­ções se­rem, em to­do lu­gar, su­mi­dou­ros de car­bo­no por um lap­so su­pe­rior ao pe­río­do pri­mei­ro de rá­pi­do cres­ci­men­to, em vir­tu­de de que elas po­dem não sê-lo, se­quer, nes­se pe­río­do. Es­sa su­po­si­ção de “sen­so co­mum” tem que ser re­fe­ren­da­da por pes­qui­sas, an­tes das plan­ta­ções se­rem acei­tas, sem mais, co­mo su­mi­dou­ros de car­bo­no.

Fi­nal­men­te, é es­sen­cial fo­ca­li­zar a ques­tão em sua to­tal di­men­são e ana­li­sar o con­jun­to de im­pac­tos que a pro­mo­ção de gran­des mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais com es­pé­cies de rá­pi­do cres­ci­men­to po­de pro­vo­car nou­tras áreas am­bien­tais e so­ciais. Cien­tes do fa­to des­sas plan­ta­ções es­ta­rem cau­san­do im­pac­tos no am­bien­te (so­los, água, flo­ra e fau­na) e nas co­mu­ni­da­des lo­cais, não é acei­tá­vel que se­jam pro­mo­vi­das com um pro­pó­si­to “am­bien­tal” co­mo o de con­ter o efei­to es­tu­fa. A so­lu­ção te­rá de acon­te­cer atra­vés da re­du­ção das emis­sões de CO2 (re­sul­tan­tes do uso de com­bus­tí­veis fós­seis) e da pro­te­ção das flo­res­tas, e não atra­vés de ten­ta­ti­vas de co­lo­ni­zar enor­mes áreas de te­rra, sem ter ana­li­sa­do ple­na­men­te as con­se­qüên­cias.

Men­ti­ra 6:
As plan­ta­ções são ne­ces­sá­rias pa­ra sa­tis­fa­zer um cres­cen­te con­su­mo de pa­pel

O con­su­mo de pa­pel é per­ce­bi­do, ge­ral­men­te, co­mo uma coi­sa po­si­ti­va, li­ga­da à al­fa­be­ti­za­ção, ao aces­so à in­for­ma­ção es­cri­ta e a uma maior qua­li­da­de de vi­da. Es­sa per­cep­ção do pú­bli­co é usa­da pe­las em­pre­sas plan­ta­do­ras, pa­ra jus­ti­fi­car a su­pos­ta ne­ces­si­da­de de au­men­to da pro­du­ção de ce­lu­lo­se a par­tir de suas ex­ten­sas plan­ta­ções de pin­hei­ros e eu­ca­lip­tos. Por­tan­to, es­sa ques­tão exi­ge vá­rios es­cla­re­ci­men­tos:

•Gran­de par­te da ce­lu­lo­se pro­du­zi­da no sul não se des­ti­na ao abas­te­ci­men­to da po­pu­la­ção des­ses paí­ses, mas, sim, aos con­su­mi­do­res do nor­te. En­quan­to os Es­ta­dos Uni­dos e o Ja­pão têm um con­su­mo anual de pa­pel per ca­pi­ta de mais de 330 e 230 qui­los, res­pec­ti­va­men­te, paí­ses ex­por­ta­do­res de ce­lu­lo­se, co­mo o Chi­le, a Áfri­ca do Sul, o Bra­sil e a In­do­né­sia, mos­tram um con­su­mo per ca­pi­ta de 42, 38, 28 e 10 qui­los, res­pec­ti­va­men­te
•Em tor­no de 40% do pa­pel pro­du­zi­do no mun­do é usa­do em em­ba­la­gem e en­vol­tó­rio, ao pas­so que só 30% des­ti­na-se a pa­peis de es­cri­ta e im­pres­são, mo­ti­vo pe­lo qual o ar­gu­men­to da al­fa­be­ti­za­ção não é tão re­le­van­te quan­to se pre­ten­de mos­trar
•além dis­so, gran­de par­te do con­su­mo de pa­pel de es­cri­ta e im­pres­são vai pa­ra a pu­bli­ci­da­de. Nos Es­ta­dos Uni­dos, 60% do es­pa­ço de re­vis­tas e jor­nais fi­ca re­ser­va­do pa­ra anún­cios, ao pas­so que, anual­men­te, são pro­du­zi­dos uns 52.000 mil­hões de uni­da­des de di­ver­sos ti­pos de ma­te­rial de pu­bli­ci­da­de, in­cluí­dos 14.000 mil­hões de ca­tá­lo­gos pa­ra com­pras pe­lo co­rreio, os quais, amiú­de, vão pa­rar di­re­ta­men­te na la­ta do li­xo. Es­se ti­po de con­su­mo ex­ces­si­vo de pa­pel não é ex­clu­si­vo dos Es­ta­dos Uni­dos; tam­bém é ca­rac­te­rís­ti­co da maio­ria dos paí­ses do nor­te, e, in­clu­si­ve, pre­ten­de-se ex­por­tar es­se mo­de­lo aos paí­ses do sul.

A ques­tão con­sis­te, en­tão, em que o con­su­mo atual de pa­pel é am­bien­tal­men­te in­sus­ten­tá­vel, e em que gran­de par­te do mes­mo é so­cial­men­te des­ne­ces­sá­rio. Por­tan­to, nem os pla­nos de uso das flo­res­tas, nem os pla­nos de ex­pan­são das plan­ta­ções flo­res­tais, po­dem pre­ten­der se au­to-jus­ti­fi­car, ale­gan­do que “a hu­ma­ni­da­de” ne­ces­si­ta de mais pa­pel.

Men­ti­ra 7:
As plan­ta­ções são mui­to mais pro­du­ti­vas do que as flo­res­tas

Es­se ar­gu­men­to po­de pa­re­cer con­vin­cen­te se for ob­ser­va­do o rá­pi­do cres­ci­men­to das ár­vo­res nu­ma plan­ta­ção de pin­hei­ros ou eu­ca­lip­tos. Po­rém, de­pen­de do que se en­ten­de por “pro­du­ti­vo”, e de quem é be­ne­fi­cia­do com es­sa pro­du­ção.

Uma plan­ta­ção co­mer­cial pro­duz um gran­de vo­lu­me de ma­dei­ra pa­ra a in­dús­tria, por hec­ta­re e por ano. Mas is­so é tu­do quan­to pro­duz. O be­ne­fi­ciá­rio di­re­to des­sa pro­du­ção é a em­pre­sa pro­prie­tá­ria da plan­ta­ção.

Uma flo­res­ta não pro­duz so­men­te (co­mo a plan­ta­ção) ma­dei­ra pa­ra o mer­ca­do; a sua pro­du­ção abran­ge ou­tros ti­pos de ár­vo­res, ve­ge­tais, ani­mais, fru­tas, fun­gos, mel, fo­rra­gem, adu­bo, len­ha, ma­dei­ras pa­ra usos lo­cais, fi­bras ve­ge­tais, re­mé­dios, e, além dis­so, ge­ra uma sé­rie de ser­vi­ços em ma­té­ria de con­ser­va­ção de so­los, bio­di­ver­si­da­de, re­cur­sos hí­dri­cos e mi­cro­cli­ma.

Quan­do se ar­gu­men­ta que as plan­ta­ções são mui­to mais pro­du­ti­vas do que as flo­res­tas, so­men­te se com­pa­ra o vo­lu­me de ma­dei­ra pa­ra a in­dús­tria que po­de ser ex­traí­do de­las, e, nes­sa com­pa­ra­ção, a plan­ta­ção apa­re­ce co­mo sen­do su­pe­rior.

Não obs­tan­te, quan­do se com­pa­ra a to­ta­li­da­de de bens e ser­vi­ços for­ne­ci­dos pe­la plan­ta­ção e pe­la flo­res­ta, com­pro­va-se que es­ta é mui­to mais pro­du­ti­va do que a plan­ta­ção. E mais: em mui­tos as­pec­tos, a pro­du­ção da plan­ta­ção é nu­la (por exem­plo, na pro­du­ção de ali­men­tos, de re­mé­dios ou de fo­rra­gem), po­den­do, até, ser ne­ga­ti­va, quan­do afe­ta ou­tros re­cur­sos, co­mo a água, a bio­di­ver­si­da­de ou o so­lo.

Em es­pe­cial, is­so tor­na-se evi­den­te pa­ra aque­las co­mu­ni­da­des lo­cais que so­frem os efei­tos da im­plan­ta­ção de ex­ten­sas mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais, pois su­por­tam a per­da da maior par­te dos re­cur­sos que, até en­tão, ga­ran­tiam a sua so­bre­vi­vên­cia. Pa­ra elas, a pro­du­ti­vi­da­de des­sas plan­ta­ções é nu­la, ou, mel­hor di­zen­do, de ín­do­le ne­ga­ti­va.

Men­ti­ra 8:
As plan­ta­ções ge­ram em­pre­go

Es­se é, tam­bém, um ar­gu­men­to tí­pi­co en­tre aque­les que pro­mo­vem as plan­ta­ções. Po­rém, na maio­ria dos ca­sos, es­sa afir­ma­ção é to­tal­men­te fal­sa.

As gran­des plan­ta­ções ge­ram em­pre­go di­re­to, fun­da­men­tal­men­te, nas fa­ses de plan­tio e de col­hei­ta. De­pois do plan­tio, o em­pre­go cai subs­tan­cial­men­te. No mo­men­to da col­hei­ta, a plan­ta­ção ne­ces­si­ta no­va­men­te de con­tra­ta­ção de mão-de-obra, mas o nú­me­ro de va­gas ten­de a di­mi­nuir vi­si­vel­men­te, pe­la cres­cen­te me­ca­ni­za­ção des­sa ope­ra­ção.

Os es­cas­sos em­pre­gos ge­ra­dos são, em ge­ral, de mui­to bai­xa qua­li­da­de, sen­do, na maio­ria das ve­zes, de ca­rá­ter tem­po­rá­rio, com bai­xos sa­lá­rios e em con­di­ções de tra­bal­ho ca­rac­te­ri­za­das pe­la má ali­men­ta­ção, o alo­ja­men­to ina­de­qua­do e o in­cum­pri­men­to da le­gis­la­ção tra­bal­his­ta em vi­gor. Os aci­den­tes e as doen­ças de tra­bal­ho são fre­qüen­tes. O mo­de­lo do­mi­nan­te no sul é aque­le em que as em­pre­sas plan­ta­do­ras sub­con­tra­tam em­pre­sas in­for­mais, pa­ra a rea­li­za­ção das ta­re­fas de plan­tio e col­hei­ta. Em vir­tu­de do es­cas­so in­ves­ti­men­to exi­gi­do, a con­co­rrên­cia en­tre es­sas em­pre­sas in­for­mais ba­seia-se, fun­da­men­tal­men­te, na re­du­ção do cus­to de mão-de-obra, fa­to que ex­pli­ca as pés­si­mas con­di­ções sa­la­riais e de tra­bal­ho dos tra­bal­ha­do­res flo­res­tais. So­men­te nos ca­sos em que a col­hei­ta é rea­li­za­da com mo­der­na e cus­to­sa ma­qui­na­ria flo­res­tal, es­sas ta­re­fas são fei­tas pe­la em­pre­sa plan­ta­do­ra, que, en­tão, sen­te-se na obri­ga­ção de ofe­re­cer mel­ho­res con­di­ções de tra­bal­ho.

Em mui­tos paí­ses, ten­dem, si­mul­ta­nea­men­te, a pri­var os an­ti­gos ocu­pan­tes da te­rra de suas an­te­rio­res fon­tes de tra­bal­ho. É co­mum que es­sas plan­ta­ções se­jam ins­ta­la­das em te­rras des­ti­na­das à agri­cul­tu­ra de sub­sis­tên­cia, mo­ti­vo pe­lo qual, in­clu­si­ve, a ten­dên­cia do em­pre­go ne­to é, em mui­tos ca­sos, ne­ga­ti­va. Por ou­tro la­do, quan­do a sua ins­ta­la­ção en­vol­ve a pré­via des­trui­ção da flo­res­ta, os mo­ra­do­res lo­cais fi­cam pri­va­dos du­ma sé­rie de ati­vi­da­des e fon­tes de ren­da que de­pen­dem dos re­cur­sos for­ne­ci­dos pe­la flo­res­ta. Em qua­se to­dos os ca­sos, as plan­ta­ções tra­zem co­mo re­sul­ta­do a ex­pul­são da po­pu­la­ção lo­cal, que se di­ri­ge, prin­ci­pal­men­te, aos cin­tu­rões de mi­sé­ria das ci­da­des.

No mundo inteiro é possível constatar que as plantações geram muito menos emprego que a agricultura e até menos que a criação de gado extensiva. Em re­la­ção ao em­pre­go in­dus­trial, as plan­ta­ções nem sem­pre dão lu­gar à cria­ção de in­dús­trias lo­cais, em vir­tu­de da pro­du­ção, em mui­tos ca­sos, es­tar vol­ta­da pa­ra a ex­por­ta­ção di­re­ta dos tron­cos sem pro­ces­sar. Mes­mo quan­do são aber­tas in­dús­trias de pol­pa e pa­pel, seu al­to grau de me­ca­ni­za­ção re­sul­ta na cria­ção de pou­cas va­gas.

De to­das as ati­vi­da­des ca­pa­zes de ge­rar em­pre­go a ní­vel lo­cal, a ati­vi­da­de plan­ta­do­ra é, pro­va­vel­men­te, a pior op­ção. O ob­je­ti­vo das em­pre­sas flo­res­tais não con­sis­te na ge­ra­ção de em­pre­go, mas, sim, na ge­ra­ção de lu­cros pa­ra seus acio­nis­tas. Não obs­tan­te, va­lem-se des­se fal­so ar­gu­men­to, pa­ra jus­ti­fi­car so­cial­men­te seu em­preen­di­men­to.

Men­ti­ra 9:
Os pos­sí­veis im­pac­tos ne­ga­ti­vos das mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais in­dus­triais po­dem ser evi­ta­dos ou mi­ti­ga­dos com um bom ge­ren­cia­men­to

Em úl­ti­ma ins­tân­cia, os pro­mo­to­res das plan­ta­ções po­dem acei­tar que elas não são flo­res­tas e que po­dem cau­sar im­pac­tos ne­ga­ti­vos, mas acres­cen­tam que es­ses im­pac­tos acon­te­cem de­vi­do a um mau ge­ren­cia­men­to, e não às pró­prias plan­ta­ções. A so­lu­ção -afir­mam- é, pois, téc­ni­ca: apli­car bons mé­to­dos de ge­ren­cia­men­to.

To­da­via, não se tra­ta du­ma ques­tão téc­ni­ca, mas, sim, du­ma ques­tão es­sen­cial­men­te po­lí­ti­ca, de po­der, com be­ne­fi­ciá­rios e pre­ju­di­ca­dos. Nos cen­tros do po­der, são to­ma­das as de­ci­sões que afe­tam a vi­da e as pos­si­bi­li­da­des de so­bre­vi­vên­cia das co­mu­ni­da­des lo­cais e con­di­cio­nam for­te­men­te as de­ci­sões dos go­ver­nos, com o ob­je­ti­vo de pro­ver o mer­ca­do glo­bal dos pro­du­tos ma­dei­rei­ros que ele re­quer. As ne­ces­si­da­des e as as­pi­ra­ções lo­cais não con­tam. Daí re­sul­tam os prin­ci­pais pro­ble­mas aca­rre­ta­dos por es­se ti­po de plan­ta­ção. É evi­den­te que is­so não se re­sol­ve com um “bom ge­ren­cia­men­to”. E mais: o bom ge­ren­cia­men­to das em­pre­sas plan­ta­do­ras con­sis­te, em pri­mei­ro lu­gar, em con­ven­cer o go­ver­no de que lhes per­mi­ta in­ves­tir em de­ter­mi­na­das re­giões do país, de que lhes con­ce­da de­ter­mi­na­das van­ta­gens (sub­sí­dios di­re­tos e in­di­re­tos), e de que in­ter­ven­ha, em ca­so de ne­ces­si­da­de, pa­ra des­pe­jar ou re­pri­mir os mo­ra­do­res lo­cais. Em gran­de nú­me­ro de ca­sos, as di­fe­ren­tes for­mas de pres­são ou re­pres­são cons­ti­tuem a prin­ci­pal fe­rra­men­ta de “bom ge­ren­cia­men­to” pa­ra re­sol­ver os con­fli­tos so­ciais ge­ra­dos pe­las plan­ta­ções.

No que diz res­pei­to aos im­pac­tos am­bien­tais pro­vo­ca­dos pe­las plan­ta­ções co­mer­ciais, tam­bém é utó­pi­co pre­ten­der que eles pos­sam ser re­sol­vi­dos atra­vés dum bom ge­ren­cia­men­to téc­ni­co. As pró­prias ca­rac­te­rís­ti­cas do mo­de­lo fa­zem com que ele se­ja, ba­si­ca­men­te, in­sus­ten­tá­vel, mes­mo ado­tan­do prá­ti­cas con­ser­va­cio­nis­tas, ou fa­zen­do mo­ni­to­ri­za­ções des­ti­na­das, tam­bém, em gran­de me­di­da, a mel­ho­rar a ima­gem da em­pre­sa dian­te dos pos­sí­veis opo­si­to­res am­bien­ta­lis­tas. Com efei­to, o mo­de­lo se ca­rac­te­ri­za:
•pe­la gran­de es­ca­la. Não é igual o im­pac­to am­bien­tal que po­de pro­vo­car um eu­ca­lip­to ou um pin­hei­ro, aos im­pac­tos que pro­vo­cam de­ze­nas ou cen­te­nas de mil­ha­res de hec­ta­res con­cen­tra­dos em de­ter­mi­na­da re­gião dum país. A al­te­ra­ção do es­pa­ço geo­grá­fi­co é enor­me. Pa­ra dis­si­mu­lar es­se fa­to, os pro­mo­to­res das plan­ta­ções in­sis­tem, atual­men­te, em usar per­cen­ta­gens, di­zen­do que “só ocu­pam 1 ou 2% da área to­tal do país”. Po­rém, não se po­de tam­par o sol com a pe­nei­ra. A ver­da­de é que se tra­ta de gran­des con­cen­tra­ções de mo­no­cul­tu­ras flo­res­tais, e o úni­co “bom ge­ren­cia­men­to” pos­sí­vel é, jus­ta­men­te, re­du­zir a ques­tão a per­cen­ta­gens.

.pe­la mo­no­cul­tu­ra de es­pé­cies exó­ti­cas. Em­bo­ra se­ja ver­da­de que a maio­ria das es­pé­cies agrí­co­las são exó­ti­cas, no ca­so das es­pé­cies usa­das nos cul­ti­vos flo­res­tais, is­so en­vol­ve for­tes im­pli­ca­ções ne­ga­ti­vas. A es­col­ha des­sas es­pé­cies tem ori­gem, em par­te, na ine­xis­tên­cia de pra­gas e doen­ças, nos paí­ses on­de elas são in­tro­du­zi­das, que pos­sam afe­tá-las. Em­bo­ra is­so se­ja to­tal­men­te ló­gi­co pa­ra o plan­ta­dor, é um pro­ble­ma pa­ra a fau­na lo­cal, pa­ra a qual es­sas plan­ta­ções cons­ti­tuem um de­ser­to ali­men­tar. So­ma­do à ques­tão da gran­de es­ca­la, o im­pac­to, prin­ci­pal­men­te, na fau­na, é, em con­se­qüên­cia, enor­me. A bio­di­ver­si­da­de do so­lo vê-se gra­ve­men­te afe­ta­da, de­vi­do a que os res­tos ve­ge­tais dos pin­hei­ros e eu­ca­lip­tos são tó­xi­cos pa­ra gran­de par­te da flo­ra e da fau­na do so­lo. Além dis­so, o sis­te­ma apre­sen­ta uma gran­de de­bi­li­da­de in­trín­se­ca, pois, se sur­gir uma es­pé­cie ca­paz de se ali­men­tar das ár­vo­res vi­vas, se trans­for­ma­rá nu­ma pra­ga, que po­de­rá pôr em ris­co to­das as plan­ta­ções si­mi­la­res da re­gião.

•pe­la ra­pi­dez do cres­ci­men­to. A ló­gi­ca em­pre­sa­rial des­ses em­preen­di­men­tos faz com que a ra­pi­dez de cres­ci­men­to se­ja es­sen­cial pa­ra ga­ran­tir a ren­ta­bi­li­da­de do in­ves­ti­men­to. Es­se cres­ci­men­to ba­seia-se, em par­te, na se­le­ção de es­pé­cies, mas, tam­bém, na uti­li­za­ção de fer­ti­li­zan­tes e her­bi­ci­das (que afe­tam o so­lo e a água), e num con­su­mo enor­me de água, que afe­ta a re­gião co­mo um to­do. Co­mo se não bas­tas­se, a bio­tec­no­lo­gia flo­res­tal en­ca­min­ha-se, tam­bém, nes­sa di­re­ção, crian­do “su­per-ár­vo­res” de cres­ci­men­to ain­da mais ace­le­ra­do e re­sis­ten­tes aos her­bi­ci­das, mo­ti­vo pe­lo qual o im­pac­to é du­plo: maior con­ta­mi­na­ção, pe­lo uso de agro­quí­mi­cos, e maior con­su­mo de água.

•pe­lo cor­te em in­ter­va­los cur­tos de tem­po. A mes­ma ló­gi­ca de­ter­mi­na que as ár­vo­res se­jam cor­ta­das ca­da pou­cos anos, o que pres­su­põe uma gran­de saí­da de nu­trien­tes do sis­te­ma, pro­ces­sos de ero­são, e a des­trui­ção do há­bi­tat da­que­las pou­cas es­pé­cies lo­cais que es­ta­vam con­se­guin­do se adap­tar à plan­ta­ção.

Dian­te das ra­zões ex­pos­tas, é evi­den­te que são pou­cas as me­di­das téc­ni­cas que po­dem ser to­ma­das pa­ra evi­tar ou mi­ti­gar a maio­ria dos im­pac­tos am­bien­tais cau­sa­dos pe­las plan­ta­ções. Em­bo­ra pos­sam ser mel­ho­ra­dos al­guns as­pec­tos (usar agro­quí­mi­cos me­nos no­ci­vos, pre­pa­rar o so­lo se­guin­do cur­vas de ní­vel, pre­ca­ver-se pa­ra que não sur­jam pro­ces­sos de ero­são no mo­men­to de cor­tar as ár­vo­res, con­ser­var áreas sil­ves­tres co­mo re­men­dos na pai­sa­gem, mo­ni­to­rar so­los, água, flo­ra e fau­na, etc.), a ver­da­de é que é im­pos­sí­vel evi­tar os im­pac­tos, por­que o pró­prio mo­de­lo não per­mi­te: não é pos­sí­vel (do pon­to de vis­ta da ren­ta­bi­li­da­de) fa­zer com que as ár­vo­res cres­çam mais de­va­gar, con­su­mam me­nos água, pres­cin­dam de fer­ti­li­zan­tes, não afe­tem os so­los, não res­trin­jam a bio­di­ver­si­da­de lo­cal. Em sín­te­se, o pro­ble­ma é o mo­de­lo, e não a ado­ção de me­di­das de ge­ren­cia­men­to apro­pria­das.

Men­ti­ra 10:
As plan­ta­ções não po­dem ser jul­ga­das iso­la­da­men­te

Es­se é um dos ar­gu­men­tos dos pro­mo­to­res das plan­ta­ções sur­gi­dos re­cen­te­men­te. Eles afir­mam que exis­te um “sis­te­ma con­tí­nuo” en­tre uma flo­res­ta pri­má­ria e uma “flo­res­ta plan­ta­da”, vol­ta­da pa­ra a pro­du­ção de ma­dei­ra. Is­so sig­ni­fi­ca que ha­ve­ria um sis­te­ma, de­no­mi­na­do por eles “flo­res­ta”, que in­clui­ria flo­res­tas pri­má­rias pro­te­gi­das, flo­res­tas de pro­du­ção, flo­res­tas pro­te­to­ras, flo­res­tas se­cun­dá­rias e plan­ta­ções de to­do ti­po. Por­tan­to, di­zem que es­se sis­te­ma “flo­res­ta” de­ve ser ana­li­sa­do na sua to­ta­li­da­de, não se con­cen­tran­do so­men­te num úni­co com­po­nen­te: a mo­no­cul­tu­ra flo­res­tal em gran­de es­ca­la. O ar­gu­men­to é in­te­li­gen­te, mas não me­nos fal­so do que os an­te­rio­res.

Em pri­mei­ro lu­gar, por­que par­te da fal­sa pre­mis­sa de que uma plan­ta­ção é uma flo­res­ta. O ti­po de plan­ta­ção ao qual alu­di­mos cons­ti­tui um cul­ti­vo vol­ta­do pa­ra a pro­du­ção de gran­des vo­lu­mes de ma­dei­ra no cur­to pra­zo, cu­ja úni­ca se­mel­han­ça com uma flo­res­ta con­sis­te em es­tar cons­ti­tuí­do por ár­vo­res que, nem se­quer, são na­ti­vas. Por­tan­to, não é pos­sí­vel fa­lar dum “sis­te­ma con­tí­nuo” en­tre ele­men­tos in­trin­se­ca­men­te di­fe­ren­tes. Se­ria co­mo di­zer que a fau­na na­ti­va e a cria­ção de ga­do de cu­rral cons­ti­tuem um sis­te­ma con­tí­nuo en­tre o na­tu­ral e aqui­lo vol­ta­do pa­ra a pro­du­ção de lei­te, e que não é pos­sí­vel jul­gar iso­la­da­men­te os im­pac­tos da pe­cuá­ria de cu­rral, sem ana­li­sá-los nes­se con­tex­to.

Em se­gun­do lu­gar, por­que, em ge­ral, as plan­ta­ções co­mer­ciais não só não com­ple­men­tam as flo­res­tas, mas tam­bém, em mui­tos ca­sos, são cau­sa di­re­ta ou in­di­re­ta de des­ma­ta­men­to. O mes­mo po­de ser di­to quan­to à for­ma co­mo afe­tam a bio­di­ver­si­da­de, o so­lo, a água, e, es­pe­cial­men­te, as co­mu­ni­da­des lo­cais.

Em definitivo, esse raciocínio pretende justificar a destruição da natureza em determinada área, argumentando que sua conservação se garante em outra área. Ao incluir as plantações nesse presumível sistema “floresta”, se encobre e justifica a destruição social e ambiental gerada a partir das monoculturas de árvores em grande escala. Perante os impactos sobre a biodiversidade, a resposta que os criadores dessa mentira consistirá em dizer que ela se garante pela existência de áreas protegidas...apesar de que estejam separadas por centenas de quilômetros. Dirão o mesmo a respeito do regime hidrológico ...apesar de que as plantações estejam em bacias diferentes. Não falarão do assunto do solo ... porque não têm argumentos e lançarão mão da alegação da geração de emprego (Mentira 8) para encobrir os impactos sociais das plantações, que também evidenciam a diferença entre uma floresta (onde vivem pessoas) e uma plantação (onde as pessoas são expulsas).

A questão de fundo é que esse argumento pretende justificar uma lógica que divide a produção da conservação; ainda mais, que utiliza a conservação como um pretexto para habilitar a destruição. A existência de áreas protegidas de florestas (que efetivamente protegem o solo, a flora, a fauna e regulam o ciclo hidrológico), transforma-se na justificação para implementar grandes monoculturas (neste caso, de árvores), que destroem todos os recursos naturais e os direitos e meios de vida dos povos locais.
Como a única forma de garantir a sustentabilidade social e ambiental consiste em incorporar a conservação aos processos produtivos (e não em separá-los em compartimentos independentes), essas monoculturas de árvores não podem de jeito nenhum serem consideradas como parte do sistema da floresta, e portanto, seus impactos devem ser analisados separadamente, como com qualquer outro cultivo agrícola.
Para informações adicionais ou entrevistas, entre em contato com:

*Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais *
*Secretariado Internacional*
*Tel: + 598 2 4132989*
*Fax: + 598 2 4100985*
*wrm@wrm.org.uy*
*www.wrm.org.uy*

EDILMAR LEÃO
TÉCNICO AGRÍCOLA
EMPRETEC/2004

GUARULHOS/SP
leaosantos@itelefonica.com.br


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