sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ESCRITOR - FONTES IBIAPINA


FONTES IBIAPINA
BIOGRAFIA - Dados Biográficos Primeiramente diga-se que Fontes Ibiapina é de uma família de artistas. Seu primo Leão Sombra do Norte Fontes e seu sobrinho Tácito Ibiapina, que moram em Brasília, são bons artistas: o primeiro é poeta e teatrólogo; o segundo, pintor.
Dos que moram em Picos, Mundica Fontes e Antônio de Moura Ibiapina (Pebinha), respectivamente sobrinha e irmão de Nonon, também dão-se às artes, ela como teatróloga e pintora; ele, na área da poesia popular. Depois, acrescente-se que João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, nome de registro, tornava-se muito grande para um escritor. Sabiamente e com muito bom gosto, ao publicar seu primeiro livro, Nonon passa a assinar-se apenas FONTES IBIAPINA. Nascido em Picos, na zona rural, no lugar chamado "Vaca Morta", a 14 de junho de 1921, filho de Pedro de Moura Ibiapina e Raimunda Fontes de Moura, fez o primário em sua terra natal e o secundário em Teresina, bacharelando-se em Direito, em 1954, pela velha Faculdade da Praça Demóstenes Avelino. Ainda como estudante dedicou-se por algum tempo ao jornalismo. Findo o seu curso de Direito, entra logo para a magistratura, sendo juiz em várias comarcas do Piauí, a última em Parnaíba, onde publicava semanalmente artigos de crítica nos jornais, exercia o magistério, participava de toda a vida intelectual da cidade, e como tal ajudou a fundar a Academia Parnaibana de Letras e foi um dos seus presidentes.
Membro do Conselho Estadual de Cultura do Piauí e da Academia Piauiense de Letras, sua maior glória não está no magistério, no jornalismo ou mesmo na magistratura, e sim na literatura. Deixou uma grande obra, tanto em quantidade como em qualidade, em torno de 30 títulos. Talvez, por causa da complexidade do seu mundo pensado e escrito, os professores e estudantes não o têm procurado com freqüência para trabalhos acadêmicos, quer na área literária quer na de ciências sociais. Já não falamos dos críticos de jornais e revistas, que sumiram simplesmente, não existem mais. É uma pena, pois, que se deixe tão rico patrimônio inexplorado. Depois de sua morte, teve apenas uma obra sua editada no Piauí: a Fundação Cultural Monsenhor Chaves publica o volume Crendices, Superstições e Curiosidades Verídicas no Piauí, em 1993. Trata-se de continuação de sua “Paremiologia Nordestina", de 1975, editado pelo Governo do Estado, através da Cia. Editora do Piauí. São adágios, rifões, brocardos, anexins, parêmias, máximas, ditados, expressões, comparações, relaxos, paleios, chulos, enfim toda uma riqueza do homem nordestino em sua criatividade de caboclo sem letras mas muitas vezes mais sabido que os doutores da cidade.
Na área literária propriamente dita saíram apenas dois folhetos – não seriam propriamente livros – divulgando contos de Fontes Ibiapina: um que reúne Trinta e dois e Tangerinos, em 1988, e outro com o conto inédito Dr. Pierre Chanfubois, sem data de publicação, mas que se atribui seja do ano seguinte. Ambos os opúsculos tiveram a chancela das Edições Corisco, do editor Cinéas Santos.
Fontes Ibiapina era uma pessoa alegre, recebia a todos muito bem, dava a impressão de ser feliz. Andou por muitas comarcas do Piauí, experimentou quando na Capital, antes de tornar-se magistrado, a indústria, quando sofreu um acidente. Mas nunca se queixava, sempre contando histórias, dizendo “chuleios”, incentivando a que os jovens escrevessem prosa. Só ficava brabo se o chamassem de poeta. Talvez porque houvesse experimentado a poesia e sentisse que não era o seu forte. Aliás, é difícil encontrar um prosador que não tenha feito poemas. Esses são alguns traços pouco conhecidos da vida de Nonon, como era conhecido na intimidade. Era um homem curioso, sempre atento ao que a ciência tinha para oferecer. Faleceu no dia 10 de abril de 1986, na cidade de Parnaíba, onde exercia as funções de Juiz de Direito, depois de ficar, na noite anterior, horas e horas com uma luneta na mão para observar a passagem do cometa Halley.
Obras :
Contos:
Chão de Meu Deus, 1958 – 2ª ed. 1965 Brocotós, 1961
Pedra Bruta, 1964 Congresso de Duendes, 1969
Destinos de Contratempos, 1974
Quero, Posso e Mando, 1976
Eleições de Sempre e Até Quando, 1985*
Romances:
Sambaíba, 1963
Palha de Arroz, 1968
Tombador, 1971
Nas Terras do Arabutã, 1984
Curral de Assombrações, 1985
Vida Gemida em Sambambaia, 1985*
Crônicas:
Mentiras Grossas do Zé Rotinho, 1977
Lorotas e Pabulagens de Zé Rotinho, s/d de publicação
Folclore:
Paremiologia Nordestina, 1975
Passarela de Marmotas, 1975
Teatro:
O Casório da Pafunsa, 1982.
Segundo consta de uma das folhas iniciais de “Curral de Assombrações”, deixou escritas e organizadas outras tantas obras, mas inéditas, as quais enumeramos:
“Pecado é o que Cai do Cacho”
romance; “Amor Roxo”, “Mentiras de Verdades”, “Onde a Velha Mediu de Cócoras”, “Onde o Filho Chora e a Mãe não Ouve” e “Nas Capembas Rajadas”
- contos; “Gente da Gente”, “Desfile de Malucos”, “Mentiras ou Não, o Povo Conta”, “Crendices e Superstições do Piauí”, “Terreiro de Fazenda”, “Ponta de Terreiro” e “Almas Penadas”
folclore. Anunciava também “Augusto dos Anjos”
ensaio e “Brasileirismos do Piauí” – dicionário.

Observe-se que as obras assinaladas com asterisco só circularam depois da morte do autor, muito embora ele as tenha deixado preparadas e prontas para a edição. Eram livros que concorreram a concurso nacional e foram premiados. Há testemunhos de que Fontes Ibiapina, depois que publicou Chão de Meu Deus, contos premiados nos concursos da Cigarra e de Alterosa, não gostava de mexer em seus livros depois de escritos. Entretanto, parece que já prevendo a morte, gastou muito tempo reescrevendo Vida Gemida em Sambambaia, pelo que se atribui ser esta sua obra mais bem elaborada.

*Francisco Miguel de Moura é escritor brasileiro, mora em Teresina.
e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
#Edilmar Leão é Técnico Agrícola e Escritor Amador Picoense, mora em Guarulhos/Sp. Filho de Edmar Alves de Sousa Leão primo de Fontes Ibiapina.
e-mail :
leaosantos@itelefonica.com.br

2 comentários:

Professor Edvarton disse...

Bela matéria sobre este fantástico escritor picoense Fontes Ibiapina...

Parabéns pelo blog!

Wallace disse...

Quantos piauienses tem a honra de levar o sobrenome Fontes? É notório, que ficou-se comum, mas existem aqueles falsos e verdadeiros, aqueles geralmente não levantam a bandeira do grande destaque do nossoe estado, outros que se glorificam ao ter Fontes sem ao menos saber de sua arvore genealogica!