segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

MOSCA BRANCA DO CAJU - CONTROLE NATURAL


O controle da praga do caju
A mosca-branca-do-cajueiro é uma praga da cultura do caju no semi-árido nordestino controlada com óleo vegetal
Fonte: - 22/11/2008
Foto: portaldoagronegocio

Após a publicação da matéria "Mosca Branca está dizimando plantações de caju no Piauí", recebemos um link de um artigo publicado no portaldoagronegocio. Veja:

"ESPERO ESTÁ CONTRIBUINDO DE ALGUMA FORMA NO CONTROLE DESTA TERRÍVEL PRAGA DO CAJUEIRO.
UM ABRAÇO A TODOS OS PICOENSES."
EDILMAR LEÃO
TÉCNICO AGRÍCOLA
GUARULHOS/SÃO PAULO

O caju constitui um produto de elevada importância sócio econômica. No Brasil, a cultura concentra-se na Região Nordeste, sendo os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte os maiores produtores.

Seu valor econômico se revela em face das múltiplas opções de aproveitamento como a amêndoa da castanha, o líquido da casca da castanha, a película das amêndoas, a casca da castanha e o pedúnculo.

No agronegócio do caju, encontram-se inseridas diversas atividades econômicas que vão desde a produção agrícola, passando pelo processamento da castanha e do pedúnculo, pelo segmento das embalagens, transportes e armazenamento, movimentando nos mercados interno e externo grande volume de recursos.

Até os anos 70, o cajueiro era considerado uma planta resistente às pragas. Com o incremento da área plantada e o adensamento das plantas, essa cultura mostrou-se suscetível ao ataque de insetos e ácaros, alguns causando danos econômicos, como é o caso da mosca-branca Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Hemiptera: Aleyrodidae).

A ocorrência desse inseto foi registrada em 1968 nos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

No Ceará, foi considerada de importância econômica em 1977 e no Piauí em 1978. A partir dessa época, alguns estudos foram feitos no sentido de controlar essa praga, principalmente aqueles dirigidos ao controle químico que apontaram alguns inseticidas como mevinphos, diazinon, malathion, methidathion, fenthion, endossulfan, parathion metílico, dichlorvos, thiometon e o phosphamidon com eficiência acima de 90% no controle de adultos e ninfas da mosca-branca.

Após esse período de pesquisas, não se verificaram novos estudos sobre o controle químico da mosca-branca, fato esse que se denota pela ausência de literatura sobre o assunto. Assim, esses produtos passaram a ser recomendados e utilizados para o seu controle.

Por outro lado, não se tem conhecimento se esses inseticidas foram registrados para a cultura e para a mosca-branca, norma legal para a prescrição de um produto no receituário agronômico, de acordo com o Artigo 64 do Decreto Lei N° 4.074 de 4 de janeiro de 2002 que regulamenta a Lei N° 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe, dentre outras providências, sobre a utilização dos agrotóxicos.

Atualmente os princípios ativos registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle de pragas no cajueiro são a deltametrina, a fenitrotiona, o triclorfon e o enxofre.

A importância do cultivo do cajueiro no Nordeste brasileiro, além da produção da castanha, pseudofrutos e derivados, está também na criação de abelhas e produção do mel, principalmente de Apis mellifera L. que está intimamente associada à época de floração da cultura, essencialmente na apicultura migratória.

Assim, a problemática do controle químico da mosca branca, bem como de outras pragas do cajueiro, está ligada à criação de abelhas e à produção e exportação do mel, uma vez que os produtos registrados no MAPA, para controle de pragas no cajueiro não estão registrados para o controle da mosca-branca, e todos são altamente tóxicos para abelhas.

Os inseticidas registrados para o cajueiro afetam diretamente a população das abelhas e, por outro lado, podem afetar também as exportações de mel, caso sejam encontrados resíduos desses produtos. Nesse sentido, o controle de pragas do cajueiro, entre elas a mosca-branca, deve ser feito com muito critério e conhecimento dos riscos ao meio ambiente, em particular com as abelhas.

Com o objetivo de controlar a mosca-branca-do-cajueiro sem afetar as abelhas, foi testada na Embrapa Meio-Norte a eficiência de óleos vegetais no controle de ninfas e ovos da mosca-branca-do-cajueiro e seus efeitos em operárias adultas de abelhas A. mellifera.

Os trabalhos constaram de dois ensaios: o primeiro, em campo, para testar a eficiência dos óleos vegetais como ovicida e no controle de ninfas, e o segundo foi desenvolvido em laboratório, onde se verificou a ação dos óleos aplicados para controle de ovos e ninfas da mosca-branca na mortalidade de operárias adultas de abelhas A. mellifera. Os testes foram realizados com óleos de soja, nim e mamona na concentração de 2%.
Os óleos vegetais apresentaram eficiência no controle de ovos da mosca-branca que variaram de 70,7 % a 45,9 % entre o segundo e o vigésimo dia após a aplicação e de 92,5% a 54,9% no controle das ninfas nesse mesmo período após a aplicação. As abelhas não foram afetadas pela aplicação desses óleos.

Com base nesses resultados, os produtores de caju dispõem de um produto natural e de baixo custo para o controle da mosca-branca. Uma pequena dificuldade na aplicação do óleo vegetal seria a insolubilidade do óleo em água. Para que isso acontecesse seria necessário a adição de um produto emulsificante na solução para promover a mistura do óleo com a água. Isso pode ser resolvido com a adição de 2% de detergente neutro ao óleo e forte agitação quando adicionar água na mistura óleo/detergente.

No comércio já estão disponíveis várias marcas de óleos vegetais apropriados para serem aplicados como adjuvantes e para controle de algumas pragas como cochonilhas em citros etc. Esses óleos já se encontram misturados com emulsificantes e prontos para serem adicionados à água sem nenhum problema de insolubilidade, no entanto, falta o registro no MAPA para que possam ser empregados no controle da mosca-branca em cajueiro, fato este que esperamos seja resolvido para a próxima safra de caju que se iniciará em junho do próximo ano.

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